SONETO PARA CAMÕES
Camões, Camões, são tépidos os vales
triste a luz que se esvai e nos maltrata.
Viste, porém, no amor a forma exata
da recompensa para tantos males.
Entre lírico e épico, o ouro e a prata
fundes numa só liga; e embora fales
que a dor anima tanto quanto mata,
soubeste ter na luta o quanto vales.
Dinamene nas ondas. Sei que é baldo
o esforço que decide: a vida ou arte.
A escolha coube a Deus, o resto é saldo.
Na tentativa extrema de salvar-te,
brotara e frondejara nesse caldo
o idioma azul do mar que se reparte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário