quinta-feira, 7 de junho de 2012

DUETO PARA SOPRO E CORDA

SONETOS PARA GUIMARÃES ROSA

                                   I

Palavras andam, mas também se afogam.
Voam de três, no mais: de banda, não.
Em Rosa elas são aves, condição
dos tenórios volantes que dialogam.

As palavras poéticas se drogam
do cheiro que se vem de algum sertão;
traçam caminhos de minhoca, vão
do texto à traça, quando se derrogam.

Resvés, parceira do menor estalo,
diminutiva, crítica, vermelha,
da cor do vinho de Sardanapalo,

 Ave, palavra que este grito espelha,
formiga azul que vai de talo em talo
para eclodir na íntima centelha.

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