O DÉCIMO SEGUNDO Taças finas quebrei neste duelo. Ocupo as mãos solícitas e paro a cada girassol que em tempo raro me faça ver-me um outro, paralelo. Farfalha a rosa, se desprende o elo, mas nada me contenta: o brinde claro e as nódoas de meu dia onde preparo um outro, o fazem grande, o fazem belo. Não fui além de um reles assovio, ecos doídos da quimera infância, malvas de solidão pranteando o rio. Taças finas quebrei na epifania. Guardanapos, ardei na inconsistência, palavras, vade em busca da poesia.
NATAL 2008 Natal me inspira estrelas e reis magos, Natal revolve os séculos de usura, Natal me faz pensar nessa loucura de esperar pelos bens que foram pagos. Natal de paz ou da canção dos lagos, Natal de mim que em trevas se procura, Natal de Deus na fé, quando obscura ou quando se ilumina em breves tragos. Natal de amor à mesa que nos prende aos laços afetivos e ao consolo de ter alguém que a mesma luz acende. Natal da iniciação: que a cruz suporte o corpo deste Rei, sangue e tijolo do soneto que vence a própria morte.
IMPROVISO AO 50º DA CARAVANA Éramos quatro monges na primeira, cinco poetas depois, numa segunda Caravana que os longes aprofunda, tendo as nuvens e o sol por cabeleira. Tivemos a galáxia por esteira, bons ares, boa mesa e a mais fecunda saga de poemas, praça e quebra-bunda quando para repouso da canseira. Nestes tercetos louve-se a irmandade de todos nós, amigos sobretudo, companheiros por toda a eternidade. São eles o Alencar, Antísthenes, o Guima, Farias e este eu que assina tudo desde que for saudade e tenha rima.