quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O DÉCIMO SEGUNDO


O DÉCIMO SEGUNDO

Taças finas quebrei neste duelo.
Ocupo as mãos solícitas e paro
a cada girassol que em tempo raro
me faça ver-me um outro, paralelo.
Farfalha a rosa, se desprende o elo,
mas nada me contenta: o brinde claro
e as nódoas de meu dia onde preparo
um outro, o fazem grande, o fazem belo.
Não fui além de um reles assovio,
ecos doídos da quimera infância,
malvas de solidão pranteando o rio.
Taças finas quebrei na epifania.
Guardanapos, ardei na inconsistência,
palavras, vade em busca da poesia.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

NATAL 2008



NATAL 2008

Natal me inspira estrelas e reis magos,
Natal revolve os séculos de usura,
Natal me faz pensar nessa loucura
de esperar pelos bens que foram pagos.
Natal de paz ou da canção dos lagos,
Natal de mim que em trevas se procura,
Natal de Deus na fé, quando obscura
ou quando se ilumina em breves tragos.
Natal de amor à mesa que nos prende
aos laços afetivos e ao consolo
de ter alguém que a mesma luz acende.
Natal da iniciação: que a cruz suporte
o corpo deste Rei, sangue e tijolo
do soneto que vence a própria morte.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

IMPROVISO AO 50º DA CARAVANA


IMPROVISO AO 50º DA CARAVANA

Éramos quatro monges na primeira,
cinco poetas depois, numa segunda
Caravana que os longes aprofunda,
tendo as nuvens e o sol por cabeleira.
Tivemos a galáxia por esteira,
bons ares, boa mesa e a mais fecunda
saga de poemas, praça e quebra-bunda
quando para repouso da canseira.
Nestes tercetos louve-se a irmandade
de todos nós, amigos sobretudo,
companheiros por toda a eternidade.
São eles o Alencar, Antísthenes, o Guima,
Farias e este eu que assina tudo
desde que for saudade e tenha rima.