terça-feira, 8 de maio de 2018

Panegírico ao acadêmico Jorge Tuffic Alaúzo

Panegírico ao acadêmico Jorge Tuffic Alaúzo


 Luísa Galvão Lessa Karlberg

Cadeira nº 18 da AAL
Jorge Tufic Alaúzo era natural de Sena Madureira/AC, onde nasceu no dia 13 de agosto de 1930. Descendente de uma família de comerciantes árabes, seu pai desenvolveu atividades comerciais nos seringais da região amazônica. Com o declínio da produção de borracha, a família transferiu-se, no início da década de 40, para Manaus, onde Tufic realizou seus primeiros estudos. Exerceu, durante boa parte de sua vida, a atividade de jornalista. Em 1976 foi agraciado com o diploma “O poeta do ano”, prêmio concedido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas, em reconhecimento à sua vasta e intensa atividade literária. Tem seu nome inserido em várias antologias, entre as quais se destacam “A Nova Poesia Brasileira”, organizada em Portugal por Alberto da Costa e Silva, e “A novíssima Poesia Brasileira”, que Walmir Ayala lançou na Livraria São José, no Rio de Janeiro, em 1965.
Foi sócio-fundador da Academia Internacional Pré-Andina de Letras, com sede em Tabatinga, no estado do Amazonas. Fez várias conferências literárias e foi membro efetivo de algumas entidades culturais, tais como: Clube da Madrugada, Academia Amazonense de Letras, União Brasileira de Escritores (Seção do Amazonas), Academia Acreana de Letras (AAL) e Conselho Estadual de Cultura.
Pertenceu à equipe da página artística do Clube da Madrugada, “O Jornal” e do “Jornal da Cultura”, da Fundação Cultura do Amazonas. Colaborou em vários órgãos de imprensa, com especialidade no Suplemento Literário de Minas Gerais. Jorge Tufic é o autor da letra do Hino do Amazonas, contemplado que foi com o primeiro lugar em concurso nacional promovido pelo governador José Lindoso, em 1980.
Por sua longa vivência no Amazonas, é, por isso, considerado um dos poetas mais expressivos da moderna literatura amazonense. Sua estréia literária aconteceu em 1956, com a publicação de Varanda de pássaros. Tufic foi um dos fundadores do Clube da Madrugada, em 1954, um dos mais importantes movimentos literários do Amazonas, “que objetivava a inserção do discurso artístico e do fazer literário amazonense no cenário do Modernismo brasileiro”.
Com o seu falecimento, Jorge Tufic deixa vacante a Cadeira nº 18 da Academia Acreana de Letras, cujo patrono é Couto de Magalhães e, também, da Academia Amazonense de Letras (desde 1969), onde também ocupava a cadeira número 18, do patrono Jonas da Silva.
No Amazonas, ele integrava a União Brasileira de Escritores e o Conselho Estadual de Cultura, tendo sido também “fundador da Fundação de Cultura do Amazonas, que, mais tarde, daria origem à Secretaria Estadual da Cultura”. O Sindicato dos Jornalistas do Amazonas, em 1976, o homenageou com o prêmio “Poeta do Ano”, dado a importância de sua produtividade literária.
Jorge Tufic é autor da letra do Hino do Amazonas, cuja música é de Cláudio Santoro, ao alcançar o primeiro lugar, em concurso nacional, promovido pelo então governador José Lindoso, no ano de 1980. Com a chegada da aposentadoria, afastou-se do funcionalismo público. A partir do início da década de 1990, fixou-se em Fortaleza, dedicando-se exclusivamente à literatura. Jorge Tufic faleceu em São Paulo-SP, quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018, acometido por um câncer no pulmão.
OBRAS
POESIA: Varanda de pássaros, 1956; Pequena antologia madrugada, 1958; Chão sem mácula, 1966; Faturação do ócio, 1974; Cordelim de alfarrábios, 1979; Os Mitos da criação e outros poemas, 1980; Sagapanema, 1981; Oficina de textos, 1982;Poesia reunida, 1987;
Retrato de mãe, 1995; Boléka, a onça invisível do universo, 1995; Os quatro elementos, 1996; A insônia dos grilos, 1998; Sinos de papel, 1998; Quando as noites voavam, 1999;
SONETO: Jorge Tufic, 2000; Dueto para sopro e corda, 2000; Poema-Coral das Abelhas, 2003; Cordelim de Alfarrábios II, 2003.
CONTO: O outro lado do rio das lágrimas, 1976; Os filhos do terremoto, 1976.
ENSAIO: Américo Antony – O Guru da Amazônia, 1978; Os códigos abertos fragmentos), 1978; Existe uma literatura amazonense, 1982; Roteiro da literatura amazonense, 1983; Literatura Amazonense: uma proposta de linguagem, 1986; Curso
CRÔNICA: Tio José, 1976.
MEMÓRIA: A Casa do tempo, 1987
ROMANCE: Um Hóspede Chamado Hansen, 2009
ESTILO ACADÊMICO: Tenório Telles, Editora Valer, ao fazer a apresentação de Varandas de Pássaros”, diz o seguinte: “O discurso poético de Jorge Tufic se desenrola no curso dessas duas margens: de um lado, a margem reflexiva, identificado com a dimensão transcendental da existência, marcada por forte conteúdo existencial. A outra margem do discurso poético de Tufic se fundamenta nas preocupações formais e no caráter experimental de seu processo de criação. Sua produção literária é evidência de sua identificação com o universo, no esforço em criar uma obra identificada com os mitos, anseios e esperanças do homem da Amazônia”. (Tenório Telles, apresentação in Varanda de Pássaros (Valer, 2005)”. Tufic se dedicou à arte de escrever poemas de forma visceral, essencial. Foi o poeta que buscou, com paixão consciente, o caminho que leva à inefável palavra-luz da verdadeira poesia. Autor de poesia fulcral, sendo ao mesmo tempo palavra que se transpira à vista do leitor-criador, que tem a felicidade de se encontrar com a sua leitura, usufruindo desse manancial de sugestões de altíssimo teor poético e humano.
HOMENAGEM DOS PARES DA ACADEMIA ACREANA DE LETRAS: Suba, Jorge Tufic, faça poesia com os anjos, ao lado de Deus Pai, e escreva para nós, no meio das nuvens do céu azul-anil da Amazônia, a Saudade que habita em cada um de nós. A Presidente da AAL declara vacante a cadeira nº 18.
UM POEMA DE JORGE TUFIC:
Uma folha desce
Uma folha desce
tão bela, em minha janela.
O dia escurece.

* Luísa Galvão Lessa Karlberg é presidente da Academia Acreana de Letras – AAL.


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