quinta-feira, 21 de junho de 2012

DUETO


SONETOS PARA MARCEL PROUST

Que fazes, Proust, ao léu do teu cenário,
ao léu da infância que em teu rosto asila
da época feliz um tom de argila
e do vinho natal esse ordinário

calor do pão na mesa onde cintila
aquele estigma azul do legendário
sangue teu que nascera de um canário
posto no tempo como numa vila?

Em busca desse tempo então largaste
velames de metáforas, ao espanto
frágil daquela que tu tanto amaste.

Anos perdidos? Ganhos no entretanto,
pois em troca do sonho que sonhaste,
outros nos deste para nosso encanto.

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