segunda-feira, 7 de abril de 2014

QUANDO AS NOITES VOAQVAM


No princípio era o canto.
A lua cantava pelo céu, todos ouviam
seu canto bonito.
Por cima dos galhos macacos cantavam.
Todos os animais da terra
- répteis, aves e peixes -
também cantavam.
Antes a noite era grande, vazia.
Da carne das frutas comidas pelo homem,
nasceram os animais.
Das sementes brotaram cabas, formigas,
lacraus e aranhas.
Lançadas ao rio, estalaram seus peixes.
A árvore que falava, disse ao homem:
- Come a carne da fruta,
depois enterra a semente.
Mas ele esqueceu-se do que a árvore lhe disse,
passou a estragar tudo,
espantou-se do que fez.
Embaixo da árvore os bichos e animais
aumentavam de número e tamanho.
As sementes deixadas nos galhos
cantavam saracura, guariba e outros.
No rio jacaré, sucuriju, piraíba,
outras espécies cantavam também.
Ele ficou espantado: nenhuma árvore
lhe respondia mais onde estava
nem de onde vinha esse barulho.
O homem quedou-se triste,
e já não tinha (já) como de onde fugir.



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