sábado, 12 de setembro de 2015

SERINGAIS ETC

Seringais, lendas amazônicas e histórias das Mil e Uma Noites O tripé sempre foi inspiração para o poeta e jornalista Jorge Tufic, descendente de uma família de comerciantes libaneses que se instalou no Acre no começo da década de 1920. Geovana Pagel São Paulo – Poesia mesclada com as origens libanesas, lembranças da infância e das lendas amazônicas. O encontro de Jorge Tufic com a inspiração poética começou cedo, em Sena Madureira, Acre, com a chegada dos soldados da borracha. Naquele tempo ele tinha cinco anos de idade, e o ano era 1935. “Eu costumava ficar ouvindo as trovas, o ponteio das violas sertanejas, os repentes e histórias fantásticas daquele povo”, lembra o poeta e jornalista, que escreveu os primeiros versos aos 15 anos. Hoje, ao seu acervo poético somam-se 42 obras, entre poesias, contos, ensaios e sonetos. Ainda na infância, perdia-se na floresta, inventava palavras e deixava a imaginação voar alto. Mas, de repente, num livro escolar do primário, brotaram surpresas que despertaram a paixão do escritor pela poesia. “Tudo em Sena Madureira, aliás, como as serenatas boêmias despertavam nos meninos de minha idade um sentimento romântico muito mais forte do que a nossa capacidade de expressar alguma coisa”, conta. Descendente de uma tradicional família de comerciantes árabes, é filho do libanês Tufic Alaúzo, que mudou para o Brasil no começo da década de 1920 e desenvolveu suas atividades comerciais nos seringais. Por isso, a forte influência da língua, da cultura e da arte árabe de contar histórias. “A influência do árabe, falado em nosso cotidiano antes do português, marcou bastante. Junto a isso, convém lembrar as noitadas de música, ao som dos alaúdes, com vinhos Divulgação Álbum de família: Faride e Tufic Alaúzo, os pais do poeta, casaram em Manaus em 1923 Divulgação Jorge Tufi e o escritor Malba Tahan, um dos tradutores de As Mil e Uma Noites para o português finos, arak e um vasto serviço de comidas típicas do Líbano”, lembra. Segundo ele, a convivência fraterna reunia os habitantes do município e alguns brasileiros chegavam até a falar a língua dos imigrantes, estreitando ainda mais os laços de amizade. “Ainda hoje, quando menos espero, a emoção represada pelos fragmentos das Mil e uma Noites, liberados nas conversas daquela tribo, adquirem formatos de sonetos e poemas que vou entramando aqui e ali, nos textos que publico”, explica. Com o declínio da produção de borracha, no início da década de 1940, a família de Tufic mudou para Manaus, onde o autor realizou seus primeiros estudos. Exerceu, durante boa parte de sua vida, a atividade de jornalista. Com a aposentadoria, fixou-se em Fortaleza, no Ceará, passando a se dedicar exclusivamente à literatura. Sua estréia literária aconteceu em 1956, com a publicação de Varanda de Pássaros. O discurso poético de Jorge Tufic se desenrola por um lado, por forte conteúdo existencial. A outra margem do discurso poético de Tufic se fundamenta nas preocupações formais e no caráter experimental de seu processo de criação. “Minha produção literária é uma evidência de minha identificação com o universo regional, meu esforço em criar uma obra identificada com os mitos, anseios e esperanças do homem da Amazônia”, destaca. “Tudo quanto se deixa envolver pela solidão e pelo mistério motiva para mim a necessidade de fixar alguma coisa no papel. Nem sempre, contudo, as palavras traduzem poesia. No entanto, só o gesto de perseguir uma forma cheia de conteúdo poético me deixa satisfeito. Porque a matéria-prima do poeta é a palavra. E nem todas às vezes a poesia se deixa revelar por meio das palavras”, filosofa. Primeiras leituras As leituras essenciais de formação literária de Jorge Tufic foram feitas na Biblioteca Pública de Manaus. “Lá eu passei muitas tardes. Não havia ordem, é claro, nesse roteiro vespertino ao largo de alguns movimentos que ainda não haviam chegado ao Amazonas, como a Semana de Arte Moderna de São Paulo”, lembra. Entre os autores lidos na época estavam Bilac, Cruz e Souza, Guilherme de Almeida e Machado de Assis. “Após uma viagem pelo país, entre 1951 e 1953, o panorama mudaria trazendo-me todos os modernistas da primeira hora, inclusive os de 30, com Murilo Mendes, Jorge de Lima, entre vários”, conta. Trajetória Jorge Tufic nascido em Sena Madureira, no Estado do Acre, no dia 13 de agosto de 1930, iniciou sua educação em sua cidade de origem, transferindo-se posteriormente para Manaus, onde concluiu os estudos. Em 1976 recebeu o diploma “O poeta do Ano”, prêmio concedido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas, em reconhecimento à sua vasta e intensa atividade literária. Tem seu nome inserido em várias antologias, entre as quais destacam-se “A Nova Poesia Brasileira”, organizada em Portugal por Alberto da Costa e Silva, e “A novíssima Poesia Brasileira”, que Walmir Ayala lançou na Livraria São José, no Rio de Janeiro, em 1965. É sócio fundador da Academia Internacional Pré-Andina de Letras, com sede em Tabatinga, no Estado do Amazonas. Fez várias conferências literárias e é membro efetivo de algumas entidades culturais, tais como: Clube da Madrugada, Academia Amazonense de Letras, União Brasileira de Escritores (Seção do Amazonas) e Conselho Estadual de Cultura. Pertenceu à equipe da página artística do Clube da Madrugada, “O Jornal” e do “Jornal da Cultura”, da Fundação Cultura do Amazonas. Tufic também é o autor da letra do Hino do Amazonas. O poeta conquistou o primeiro lugar em concurso nacional promovido pelo governo do estado em 1980. Colaborou e ainda colabora com vários órgãos de imprensa como “A Crítica”, “Amazonas Cultural”, Suplemento Literário de Minas Gerais, Revista de Literatura Brasileira e “Diário do Nordeste”. Contato E-mail: jorgetufic@hotmail.com http://www.anba.com.br/ w

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