O SONETO DE DEUS
Segundo Jayme Ovalle, o passarinho
é o soneto de Deus; ele gorjeia
ao vir do sol, mas tendo lua cheia
pelos ares se emblema, é pergaminho.
Estrofes saltam desse leve arminho,
letras são giros, códigos de areia;
do pássaro e do canto a luz semeia
versos e rimas, bem devagarinho.
Amoroso dos inhos, Jayme Ovalle
tinha por tudo afeto e cortesia:
um santo sujo que por muitos vale.
Ave ou soneto, quando presos voam.
Libertos, não têm jeito de poesia,
quanto menos adornam, menos soam.
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