sábado, 14 de julho de 2018

O BOTO

Autor, traço de Anísio Mello
Para comemorar 25 anos de poesia, o saudoso poeta Jorge Tufic elaborou uma série de poemas sobre temas regionais. Deu-lhe o título de "Os mitos da criação e outros poemas", e assim reinaugurava a circulação do Jornal Cultura, publicação do Fundação Cultural do Amazonas - Seduc, relativo a março/abril de 1980. 
Compartilho este poema, cujo tema nos é bem conhecido.


Recorte da publicação
 O BOTO 

Rema, Senhor: festança vai começar.Vento cheira à baunilha. As sombras andampara trás, como exércitos em fuga.Margem leste caminha vem trazendoa lua. São Jorge fica mais pertoenquanto o dragão lhe atiça a fogueira.Noite agora é um clarão, clarão de festa,onde o boto apessoado comparececom seu terno de linho. Madrugadaele volta ao perau. Leva, nos braçosa cabocla que dorme e que parececonsentir no feitiço que a tornaradona de um reino aquático, ou talvezde um sonho que mãe-d’água lhe contara.

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