domingo, 11 de setembro de 2011

AGENDA 1965



14/jan.

Como adoçar os crótalos selvagens de meu caminho? Quem sabe o entremeio filosófico ou um pouco de lirismo me ajude nisso. Se não, vejamos.
A Natureza não tem os olhos parados. Ela tudo vê e tudo guarda. Transporta-se com as cinzas da usura que lhe deita fogo, se oculta, transfere-se de habitat, mas faz seu retorno. Enquanto isso, mesmo no centro urbano, as árvores rareiam, o sol castiga, aumenta a predominância de material inerte, o termômetro sobe. Para onde estamos indo?

15/jan.

Este é um dia agradável, amplo. Ao decerrar as janelas do quarto meus olhos percorrem os arredores do Igarapé da Bica, neste começo da rua Izabel que emenda com a dos Andradas, Miranda Leão e rua Oriental. Suas margens, principalmente a margem direita de quem vem do Educandos, estão qualhadas de casebres flutuantes. Eles formam uma cidade que começa perto das docas e vai depositar-se além das pontes da avenida Sete de Setembro. Sempre que o rio baixa os casebres ficam no seco, uns caídos à direita, outros à esquerda, conforme o terreno. Têm sido um prato cheio para os artistas plásticos e uma dor de cabeça para o Governo Militar.
* Nos próximos dias será lançado um livro sob o título ¨Aspectos Sociais e Econômicos da Cidade Flutuante¨

Nenhum comentário:

Postar um comentário