segunda-feira, 19 de março de 2012

DUETO PARA SOPRO E CORDA


SONETO AO MILÊNIO TERCEIRO


Ave, milênio, pássaro trazido
por um suflo de abelhas; avezinha
desse cosmosertão onde luzinha
se vê da terra, peixe adormecido.

Facto novo, talvez, mas consabido,
pois o mito é lonjura que se aninha,
quer na estrela que foi-se quer na asinha
de um beija-flor que azula, desistido.

O qual será de nós esse translume,
essa fogueira astral de plenilúnios,
essa coragem de voar, implume.

De argamassa infantil são nossos barcos.
Voltamos a ser chuva. Os infortúnios
darão vez a outros seres, menos parcos.

Um comentário:

  1. Belo poema, belo porvir. Em dança, em luz, em leveza, a voz do poeta firme ilumina. Abraços.

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