quinta-feira, 13 de março de 2014
CURSO DE ARTE POÉTICA
CURSO DE ARTE POÉTICA
Para reduzir incursões através de nossa própria
experiência no trato com a poesia, tomamos por empréstimo, na
parte eminentemente técnica deste trabalho, um pouco da
metodologia e dos textos da professora Nelly Novaes Coelho, de
Geir Campos, em seu “Pequeno Dicionário de Arte Poética”, e,
em, menor escala, do “Vocabulário de Poesia”, de Raul Xavier.
Numa visão panorâmica, como pesquisa, montagem e
contribuição pessoal, evitamos, nele, a ênfase preceptiva de
modelos e sugestões para análise de textos, visando antes
motivá-los como resposta ao que foi apreendido e aprendido, no
curso das “aulas”.
Afinal de contas, tudo começou quando fomos
convidado a ministrar um Curso de Arte Poética a professores
do 2º Grau, no Instituto de Educação do Amazonas. Nem é
preciso dizer que os mestres-ouvintes, instigando e debatendo
até o osso, nos deram, após, a idéia deste livro.
A POESIA ATRAVÉS DOS TEMPOS
POESIA
Inicialmente, cabe perguntar: como fazer poesia se
ela, a poesia, já existe independentemente da palavra e do
poema? Colocada nestes termos, a poesia se manifesta, no
homem, como necessidade de expressão e comunicação de
estados psicológicos, emoções, sentimentos, etc. As
sociedades agráfas, impregnadas de sentido místico e
sobrenatural, utilizavam recursos fonéticos, gestos, danças,
movimentos, rituais, inclusive a sonoridade por meio de
instrumentos de sopro e percussão, para transmitir e “guardar”
o seu mundo riquíssimo em tradição, poesia, ciência e
artesanato, dos quais se utilizavam, também, para as utilidades
domésticas.
A poesia, nas sociedades tribais ou primitivas,
encontra sua mais alta forma de expressão através do lendário
e da mitologia que informa sobre o modo como surgiram,
incluindo-se, aí, a terra, os bichos, as águas, os homens, seus
deuses e seus heróis. Aliada ao sonho e á natureza de que se
alimentam as visões e a fantasia, ela traduz a sabença que intui
dos mistérios, dos valores e das grandezas físicas do Universo.
A linguagem é indireta ou metafórica, mas sua qualidade
poética reside, sobretudo, na adequação do linguajar da criança
ao senso de medida que empresta aos fatos narrados uma
situação mágica da própria realidade. Melhor explicando, as
noções convencionais de espaço e de tempo, peso e volume, se
anulam face ao imaginário acumulado e transmitido pelos
narradores de estórias. Os índios, assim, representam o pleno
exercício físico e vocal da poesia, antes da cultura e da palavra
escrita.
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