quinta-feira, 26 de abril de 2012

DUETO PARA SOPRO E CORDA


 O PRIMEIRO SONETO

Mil novecentos e quarenta e cinco.
Mercado Público Adolpho Lisboa.
Da caneta tinteiro então me escoa
a letra (quase) de um soneto extinto.
Teria ele o saboroso vinco,
a magia do branco, a dor que soa;
não precisava de rimar à toa,
nem tinha chave, mesmo que de zinco.
A caneta importada, o Suplemento
de Artes & Letras deram-me, talvez,
a ilusão desse extático momento.
Eram versos tomados, em surdina,
a um tempo que perdi. Fora-se a vez
de um começo que nunca se termina.

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