ALENCAR E SILVA
POR JORGE TUFIC
Na qualidade de homem público e braço de
Governo, sobressai-se como
Diretor-Presidente da Imprensa Oficial do Estado, fazendo editar o Suplemento
Literário Amazonas, que circula de novembro de 1986 a outubro de 1988. Nada
disso por conta do Estado, senão através de um acordo feito junto aos
assinantes do Diário Oficial, com alguns centavos a mais nas respectivas
assinaturas. Foram, na verdade, vinte e quatro edições e uma distribuição nunca
vista antes por toda a América do Sul. Além disso, pagavam-se as colaborações
selecionadas pela Comissão Editorial e a ninguém, que eu saiba, negara-se
acolhida em suas páginas abertas, quer para todos os amazonenses, quer para
escritores de outros Estados brasileiros. Por falta de maiores aproximações ou
tempo para isso, valeu-se o Diretor-Presidente daqueles companheiros do Clube da
Madrugada que aparecem no expediente, sem, contudo, discriminar ou cercar a
iniciativa de normas ou preconceitos temáticos ou lingüísticos, muito menos
grupais ou pessoais. Em tão pouco tempo à frente do órgão, nem por isso
deixara, também, de apor o seu visto favorável à publicação de obras
importantes da literatura amazônica.
Assis Brasil, no volume ¨A Poesia
Amazonense no Século XX¨, relembra que ¨Astrid Cabral haveria de destacar o
veio romântico e ¨o equilíbrio clássico¨ da poesia de Alencar e Silva, toda
vazada em ¨dicção despojada e serena¨. Enfim, ¨amazonense e brasileiro por
circunstâncias biográficas, podendo aplicar-se a Alencar e Silva a verdade
pessoana: sua pátria é a língua portuguesa¨. E vai mais longe na pesquisa a que
sabe imprimir o calor da descoberta: ¨Escrevendo desde adolescente, entre
poemas e primeiros livros publicados, ativa colaboração nos jornais de Manaus,
A Tarde, de Aristóphano Antony, e A Crítica, de Umberto Calderaro Filho. O
jornalismo literário foi feito em O Jornal, onde o Clube da Madrugada mantinha
um importante suplemento e no Jornal-Cultura, da Fundação Cultural do Amazonas,
de que foi secretário e editor¨. Digressões necessárias, já que o nosso Alencar
é, antes do mais ou do menos, poeta. Um poeta universal desde que nascera, e
mais que universal, cósmico, já que até mesmo o ponto geográfico de seu
nascimento, em Fonte Boa-AM, as enchentes cíclicas arrastaram para o oceano
atlântico.
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