O
CRISTO DE SARAMAGO
A
rede, sim, transluz-se e colhe o peixe.
A
terra é sangue, inútil proteção
ao
cordeiro aflitivo – que se o deixe
manumisso
da horrível sagração.
A
tempestade, o mar, o rubro feixe
se
azula em mim nos touros de um clarão...
Ventos,
parai! Que o mundo não se queixe
dessa
fúria de Deus em minha mão.
Que
são curas, milagres como o vinho,
meus
pássaros de areia, o gesto santo
no
adiar-se a vida para mais caminho?
Uma
simples mulher curou-me, um dia,
das
chagas com suas lágrimas; e o quanto
dera-me
alívio à cruz donde eu pendia.
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