DO INFANTE AZUL
I
Necessito do rio e da paisagem
que me vira partir quando menino.
Da visão surpreendida ou desse quanto
pode haver em redor do meu destino.
Eram coisas e seres do meu tempo,
partes de mim que a vida, em seu balanço,
foi deixando passar, nuvem sujeita
aos ventos, matéria sujeita ao ranço.
Rubros sóis de verão, colheita breve
de azeitonas e ocasos, também contam.
Soldado entregue ao chumbo dos brinquedos,
ao som, talvez, das águas deste inverno,
quero sentir na pele evanescente
como eu seria agora, antigamente.
BARANDANÇAS
Para
Jorge Tufic
Se
passo na¨Jesus¨ , vejo-o fechado.
Se
chego na ¨Suam¨ , está deserto.
Onde
pousar as asas, se essas sombras
se
exilaram e o sol raios desfere?
Grande
Turco, eu te invejo a caminhada
do
levante ao poente, ao som glorioso
das
bandurras que inventas para a noite
e
se fazem na noite arcos e pontes
onde
o dia amanhece e a claridade
volta
a reger os ritmos e as falas.
São
já três horas orbitando o espanto
de
estar nesta cidade áurea e inflamada
onde
ninguém me vê nem me conhece
e
a tarde é uma asa clara que anoitece.
(Alencar
e Silva)
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