SONETO
A RICARDO REIS
Não
por teu verso fluido e transparente,
Nem
pelos deuses a quem sombra calma
Deste,
lembrando a suave permanência
Do
que puro inda resta onde não somos.
Mas
ao prazer deixado ali freqüente
Em
ler-te, aberto o livro e aberta a alma,
Todo
um orbe revelas na existência
De
um sorriso que em mármore supomos.
Pelas
horas de humano entendimento
Em
que dos tempos idos a beleza
Converges
para um tempo começado;
E
de, sendo tão parcos, um momento
Crer-se
que o bem maior, glória ou riqueza,
Nada
fica além disto que há sonhado.
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