sábado, 21 de setembro de 2013

O PAPEL DO ESCRITOR CONTEMPORÂNEO DA AMAZÔNIA


O PAPEL DO ESCRITOR CONTEMPORÂNEO DA AMAZÔNIA

Antes e durante esse longo período, nada consta, se não esparsa e raramente, tenham as tribos indígenas da Amazônia se unido e se levantado contra os invasores de seus territórios. Nômades e livres, elas preferem se aliar ao invasor e dão a entender, claramente, que a terra não era de ninguém. Hoje, após tantos conflitos e divisões, quando as sociedades tribais praticamente se reduzem, se extinguem ou se dispersam diante do  avanço das máquinas e da usura pelas jazidas de minério, as diversas Amazônias já formam, como partes de um todo, o esboço de uma complexa mas única nacionalidade. Os pobres se entendem. Pelo menos deveriam entender-se. Senão essa mistura de raças que vai do tribal ao social, do social ao nacional e deste ao continental e universal, não teria sentido histórico. Este seria mais um item que parece merecer a nossa reflexão. Tanto mais quando fomos o cenário monumental para onde acorreram as primeiras levas que contribuíram para a formação do Homem Amazônico. Elas já traziam consigo o fogo e os instrumentos líticos, embora aqui já estivessem, desde muito, as curiosas edificações e canoas transformadoras, depois do terceiro cataclismo; os primeiros animais, peixes, aves, e o grande mistério que nos dá notícia de uma linguagem perdida. A linguagem que devemos perseguir.

Nada disto, senhores escritores da Amazônia, já foi ou estará sendo feito ou decifrado. A esfinge prossegue olhando para nós, donos que somos de um código refratário ao mergulho e ao vôo que lhe habitam os arredores. Ainda não dispomos, sequer, de mínima parte que seja desse belo compêndio de iniciação, em termos de linguagem. A dimensão orgânica da Amazônia, as vísceras e os acordes de sua extensão mítica, continuam à espera de nós, poetas, romancistas, filósofos, antropólogos, estudiosos, contudo envolvidos nos aspectos exteriores da fábula. Falamos em seu tamanho, em sua altura e comprimento, mas esquecemos a sua alma.





Aqui estamos, entretanto, para sabê-la no contexto de sua totalidade. Suas dimensões primárias já parecem delineadas. Falta-nos, assim, penetrar as suas dimensões extraordinárias, as quais também se relacionam com o papel do escritor, como sendo o principal de seus intérpretes.

 

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