Violeta Branca e sua época
Jorge Tufic
Em 1929 surge “Equador”, também
dirigida por Clóvis Barbosa. Esta revista fazia parte da série “Panorama
literário do Norte de hoje”, um verdadeiro slogan de renovação cultural. Seu
prefácio dá a entender que ela vigora na prática do melhor antropofagismo sulista,
e condena a subliteratura que se exercitava em seu nome, em outras regiões do
país. E defende um regionalismo comportado na trilha aberta por Mário de
Andrade e Cassiano Ricardo. “Uma etiqueta passadista viciou a arte brasileira
com estrangeirismos retóricos. Está errado. Tão errado como compreenderem que
brasilidade modernista é escrever em cassange o elogio dos lugares-comuns da
nossa paisagem”. “Neste brado grandiloquente só reboaram as investidas de seu
primeiro e único número”, de conteúdo que nada tinha do que se pregava no
introito referido. Seu denodado proprietário e orientador não conseguiu atingir
as culminâncias previamente anunciadas, por contingências mesológicas. É
preciso notar, porém, que Clóvis Barbosa não descurou da capacidade de nossos
homens de letras, ou seja, daqueles que acreditavam nas possibilidades do
movimento renovador, visto pelos passadistas como um ciclone no pensamento
literário, a exemplo de hordas iconoclastas”. Arrostando toda a sorte de
imprevistos e má vontade, ele investiu novamente voltando a publicar, dessa
feita, a revista “Redenção”, que alcançou, em parte, sua verdadeira finalidade.
É o que se deduz pela verificação dos nomes de realce que dela participaram. Em
“Redenção” militaram figuras representativas do ¨modernismo¨ amazonense , a
saber: Miriam e Aldo Moraes. Abguar Bastos, Ramayama de Chevalier e Francisco
Pereira. Esse órgão “oficial” dos “modernistas”, o mais importante que tiveram,
viveu duas fases: a primeira, de 1924 a 1927. A segunda fase vem de 1931, com
uma nova reação ao próprio modernismo impregnado de sentimento nacionalista,
que se fazia sentir nas metrópoles do país – para desaparecer definitivamente,
entre 1934 ou 35. “Ainda podemos mencionar a revista “Vitória Régia”, dirigida
por Francisco Benfica, que abrigava, como filhos bastardos, produções de poetas
“futuristas”. A revista “Cabocla”
contribuía, por igual, no sentido de propagar o movimento de 1922 no
Amazonas, publicando poemas e crônicas que traziam a chancela de Genezino
Braga, nem inteiramente divorciado do passadismo nem integrado na psique
revolucionária do modernismo. Havia também, o jornal Reação de Moacir Dantas,
cuja pagina literária domingueira
editava poesias de Sebastião Norões e Mário Ypiranga Monteiro. “Era desnorteante”
– escreve Francisco Batista – “o contraste da página literária do jornal
“Reação”: Parnasianismo e modernismo, o que atesta o empirismo telúrico. O
próprio dirigente da folha, Araújo Neto, era poeta passadista, regido pelos
cânones ditados pela musa de Bilac. Nessa mixórdia parnaso-modernista víamos
dois interesses, diametralmente opostos, conciliarem-se pelas injunções
espaciais de um suplemento de jornal”. Tudo parece ter ficado nisso.
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