segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Violeta Branca e sua época 2

Violeta Branca e sua época
                           Jorge Tufic
 
 
Em 1929 surge “Equador”, também dirigida por Clóvis Barbosa. Esta revista fazia parte da série “Panorama literário do Norte de hoje”, um verdadeiro slogan de renovação cultural. Seu prefácio dá a entender que ela vigora na prática do melhor antropofagismo sulista, e condena a subliteratura que se exercitava em seu nome, em outras regiões do país. E defende um regionalismo comportado na trilha aberta por Mário de Andrade e Cassiano Ricardo. “Uma etiqueta passadista viciou a arte brasileira com estrangeirismos retóricos. Está errado. Tão errado como compreenderem que brasilidade modernista é escrever em cassange o elogio dos lugares-comuns da nossa paisagem”. “Neste brado grandiloquente só reboaram as investidas de seu primeiro e único número”, de conteúdo que nada tinha do que se pregava no introito referido. Seu denodado proprietário e orientador não conseguiu atingir as culminâncias previamente anunciadas, por contingências mesológicas. É preciso notar, porém, que Clóvis Barbosa não descurou da capacidade de nossos homens de letras, ou seja, daqueles que acreditavam nas possibilidades do movimento renovador, visto pelos passadistas como um ciclone no pensamento literário, a exemplo de hordas iconoclastas”. Arrostando toda a sorte de imprevistos e má vontade, ele investiu novamente voltando a publicar, dessa feita, a revista “Redenção”, que alcançou, em parte, sua verdadeira finalidade. É o que se deduz pela verificação dos nomes de realce que dela participaram. Em “Redenção” militaram figuras representativas do ¨modernismo¨ amazonense , a saber: Miriam e Aldo Moraes. Abguar Bastos, Ramayama de Chevalier e Francisco Pereira. Esse órgão “oficial” dos “modernistas”, o mais importante que tiveram, viveu duas fases: a primeira, de 1924 a 1927. A segunda fase vem de 1931, com uma nova reação ao próprio modernismo impregnado de sentimento nacionalista, que se fazia sentir nas metrópoles do país – para desaparecer definitivamente, entre 1934 ou 35. “Ainda podemos mencionar a revista “Vitória Régia”, dirigida por Francisco Benfica, que abrigava, como filhos bastardos, produções de poetas “futuristas”. A revista “Cabocla”  contribuía, por igual, no sentido de propagar o movimento de 1922 no Amazonas, publicando poemas e crônicas que traziam a chancela de Genezino Braga, nem inteiramente divorciado do passadismo nem integrado na psique revolucionária do modernismo. Havia também, o jornal Reação de Moacir Dantas, cuja  pagina literária domingueira editava poesias de Sebastião Norões e Mário Ypiranga Monteiro. “Era desnorteante” – escreve Francisco Batista – “o contraste da página literária do jornal “Reação”: Parnasianismo e modernismo, o que atesta o empirismo telúrico. O próprio dirigente da folha, Araújo Neto, era poeta passadista, regido pelos cânones ditados pela musa de Bilac. Nessa mixórdia parnaso-modernista víamos dois interesses, diametralmente opostos, conciliarem-se pelas injunções espaciais de um suplemento de jornal”. Tudo parece ter ficado nisso.

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