Violeta Branca e sua época 3
Jorge Tufic
Mesmo depois dessa etapa, quando
o movimento modernista assume novos aspectos, filtrando a experiência estética
libertadora numa tomada de consciência em face da problemática nordestina, nada
podemos constatar na literatura amazonense como reflexo positivo daquele
movimento artístico e literário. Enquanto isso, Pernambuco já tinha lançado seu
famoso “manifesto regionalista” enquadrando em seu contexto “a realidade
histórico-cultural nordestino, com seu cenário geográfico, sua dramaticidade, a
sua tipologia humana e a sua mitologia popular”. Os resultados concretos desta
tomada de posição nós vamos encontrar nas obras de José Américo de Almeida,
José Lins do Rego e Graciliano Ramos. No romance, os nossos escritores fincavam
baliza entre o ensaio e a prosa de ficção, ressaltando-se, contudo, a
importância documental e sociológica dos
temas enfocados, do “inferno verde”, de Alberto Rangel à “A selva” de Ferreira
de Castro. Perdidos no cenário amazônico, passávamos aos poucos da noção de
inferno verde para a tônica ufanista da terra verde, sem, nem por acaso,
lograr-se ultrapassar as fronteiras da “informação copiosa”, da observação
“fidedigna”, isto situados genericamente na literatura amazônica, onde,
inclusive, repontam as novelas de costumes, as contribuições de fundo ecológico
e o lado puramente descritivo, cujo pano de fundo são os célebres “gaiolas”, as
lendas regionais e o contraste pitoresco dos enredos amorosos de Hollywood enxertados
na paisagem fluvial. Segundo Peregrino Junior, a fase chamada “modernista” da
literatura amazônica, está ligada apenas aos nomes de Abguar Bastos, Dalcídio
Jurandir, Gastão Cruis, Raul Bopp e Peregrino Junior. “Ao lado dessas” – relata
Peregrino Jr. – “muitas figuras secundárias e acessórias, de filiação difícil
que nem por isto deixam de ter sua parcela de interesse. Como se sabe, no
regionalismo, muita coisa de escassa importância literária tem grande
importância sociológica, isto é, pela documentação e pela informação”.
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